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“Na cultura do céu não existe trabalho secular”, explica Estêvão Soares


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Bacharel em Administração e estudante de Teologia, Estêvão Soares é uma liderança consolidada regionalmente no ambiente cristão. Ex-presidente da Juventude Batista do Agreste (Jubagre), Soares desenvolveu atividades que marcaram a instituição. Nesta conversa, ele pontua sobre a necessidade de descoberta da vocação a serviço da glória de Deus. Confira:


Como é possível a alguém descobrir sua vocação?
 Acredito que em primeiro lugar é desenvolvendo um relacionamento duradouro e estável com Aquele que vocaciona. Eu não posso descobrir a minha vocação se não escuto a voz de quem vocaciona, se não desenvolvo um relacionamento diário, onde eu converso, falo e Ele me escuta, e claro, onde também fico em silencio para ouvir a voz do Mestre.
Segundo, seria descobrir o que se gosta de fazer. É importante se conhecer, saber quem é, onde está onde quer chegar, quais as habilidades, dons, hobbies e etc. Acho que o autoconhecimento do vocacionado também é muito importante em qualquer decisão.
Não menos importante, o que os outros dizem sobre você. Deus confirma através da comunidade local qualquer tipo de vocação, por isso, é muito importante escutar o que as pessoas dizem sobre o que elas veem, porque vemos que Deus fala à igreja quando Ele separa pessoas para vocações específicas.

Qual a diferença entre ‘ministério’ e ‘profissão’?
A diferença está no servir. Eu posso ser um bom profissional sem servir a ninguém, mas eu não posso exercer um ministério que não exija serviço.
O ministério é algo que transcende, a profissão é algo transitório, o ministério é algo que doa, a profissão é algo que recebe.
O ministério é ilimitado, a profissão é limitada.

A atividade religiosa não deveria contemplar remuneração nem direitos?
A bíblia nos ensina que o obreiro é digno do seu salário. A remuneração ou os direitos recebidos por um vocacionado não devem ser encarados como um salário em contrapartida a um serviço prestado, mas, como um reconhecimento de que o vocacionado que integralmente se dedica ao ministério tem necessidades, assim como a sua família, que necessitam de ser supridos pela comunidade local.
O grande problema é quando se usa a remuneração ou os direitos como fator de tomada de decisão quando para se exercer o ministério, ou ainda, quando se exige de comunidades na justiça, ou mais ainda, no Brasil evangélico atual, quando os seguidores são extorquidos por líderes religiosos para aumentarem a receita da igreja e receberem comissão por isso.

É possível a um cristão cumprir a obra de Deus atuando em um trabalho secular?
 Sim, com certeza. Na cultura do céu não existe trabalho secular, todo trabalho é sagrado desde que façamos com amor e para glória de Deus. Em qualquer trabalho o cristão deve agir para agradar a Deus e isso vai fazer toda diferença pois independente da atividade o trabalho será para Deus, e Deus será louvado por meio dele.
Trabalho secular é quando tiramos Deus da jogada e agimos como se ele não existisse em nosso trabalho e em nossa vida. Deus habita em nós em qualquer lugar que estamos, por isso, quer comamos, bebamos, trabalhamos ou façamos qualquer coisa tudo deve ser para glória de Deus.

O Novo Testamento fala sobre cinco dons ministeriais (pastor, evangelista, profeta, apóstolo e mestre). Na sua opinião, esses dons ainda estão em voga nos dias de hoje? Em que consistem?
Na minha opinião os dons citados ainda estão em voga, a exceção do dom de apóstolo, neste caso como podemos verificar nas palavras do próprio apóstolo Paulo, esse foi um dom temporário concedido aqueles que especificamente foram selecionados para ter contato com o mestre, especialmente após sua ressurreição. Esse grupo que também incluía o apóstolo Paulo detinha autorização pessoal de Cristo enviando-os pelo mundo como representantes desse Reino. Esse dom ainda desperta muita curiosidade quando o entendemos como temporário e restrito.
Os outros quatro dons, podemos vê-los em ação em qualquer igreja séria que prega o evangelho genuíno, que são: o de pastor, que está mais ligado a administração, governança da comunidade; o de mestre, que envolve o ensino e a capacidade de ensinar; o de evangelista, que envolve a pregação da palavra e a profecia em si. Além do dom de profecia, que está ligado a profecias, e eu particularmente acredito nele, mas que tem sido mal utilizado, ou utilizado para perverter, uma vez que falta conhecimento nas pessoas do significado e papel de um profeta, desde lá no Antigo Testamento, quando os profetas se levantavam como voz de Deus para pregar contra injustiças econômicas, sociais e religiosas, sem se importar a quem vai doer ou o que acontecerá com a sua vida. O que na verdade vemos hoje não são vozes proféticas, são pessoas tentando adivinhar o futuro das outras.

  
Há, no ambiente religioso, principalmente entre pastores, a reflexão sobre vocação integral (referente a dedicação exclusiva ao ministério) e/ou ministros bi vocacionados (que também atuam no contexto secular). Qual sua opinião sobre este assunto?
Baseado na Bíblia podemos identificar os dois modelos, inclusive o próprio apóstolo Paulo em determinado momento exerce uma bi vocação, fazendo tendas, e em outro momento, depende de forma mais integral de ofertas. Acredito que esse ponto é bem particular a cada vocacionado, e, lugar onde o mesmo irá servir. Tem situação que exige um vocacionado de tempo integral e tem situação que o bi vocacionado alcança um êxito maior. Por isso, cada caso deve ser analisado levando em consideração o vocacionado. Pois, também creio nos dois tipos de vocação andando lado a lado no Reino de Deus, coexistindo sem prejuízo ou exaltação para nenhuma das duas.


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