Apesar do tarifaço, brasileiros encontram oportunidades para investir no mercado imobiliário dos EUA, diz especialista do setor
Em resposta à instabilidade econômica no Brasil, investidores têm intensificado a busca por imóveis nos Estados Unidos como forma de diversificação e segurança, segundo Yuval Golan, fundador e CEO da Waltz, startup que simplifica o financiamento de imóveis residenciais para aluguel nos EUA a investidores estrangeiros. Nesta quarta-feira (30), o governo dos EUA assinou o decreto que impõe tarifas comerciais de 50% sobre produtos brasileiros - medida que, embora voltada ao comércio, afeta diretamente o câmbio e, por consequência, o poder de compra dos brasileiros no exterior.
"Em momentos de instabilidade econômica, alguns investidores tendem a pausar possíveis investimentos, enquanto investidores experientes se mostram mais agressivos. No Brasil, notamos exatamente essa tendência. Apesar das últimas decisões políticas e dos impactos financeiros, o interesse dos brasileiros em investir nos EUA, principalmente na Flórida, aumentou no último ano. Mesmo com a desvalorização do real encarecendo esse processo, a queda na demanda local pode abrir caminho para caçadores de oportunidades em outros países", afirma Golan.
Segundo o relatório mais recente da Associação Nacional de Corretores de Imóveis (NAR), o Brasil figura entre os 10 principais países de compradores estrangeiros de imóveis residenciais nos Estados Unidos, considerando apenas imóveis já existentes, sem incluir novas construções. Em 2025, os compradores brasileiros ocuparam o 6º lugar entre os investidores internacionais. Na América Latina, os dados mostram que os países pertencentes à região representam 28% dos investidores estrangeiros nesse segmento.
De acordo com Golan, os juros elevados do Federal Reserve (Fed), o Banco Central dos EUA, atualmente entre 4,25% e 4,50%, afastaram parte dos compradores americanos do mercado imobiliário. No entanto, para compradores internacionais, especialmente aqueles de países como o Brasil, onde as taxas de hipoteca costumam exceder 10 a 15% ao ano, as taxas de juros dos EUA ainda oferecem uma oportunidade atraente. “Compradores experientes sabem que é uma oportunidade para comprar agora e refinanciar mais tarde, quando as taxas de juros caírem e os valores dos imóveis continuarem a subir”, diz Golan.
Enquanto o cenário interno brasileiro segue marcado por volatilidade cambial, baixa previsibilidade e crédito restrito, o mercado americano permanece acessível, especialmente para quem possui renda ou reservas em dólar. Nesse contexto, a Waltz tem viabilizado o acesso a imóveis nos EUA por meio de soluções de crédito para estrangeiros. Com financiamento digital de até 70% do valor do imóvel, a empresa contorna as exigências dos bancos tradicionais, que chegam a exigir 50% de entrada.
No último mês, a startup captou US$ 50 milhões em recursos, sendo que US$ 25 milhões foram destinados a uma nova linha de crédito para facilitar a compra de propriedades nos EUA. Esse valor possibilita que a Waltz aumente sua capacidade de financiamentos em até US$ 1 bilhão, uma iniciativa que cria mais oportunidades para os investidores, mesmo em meio à instabilidade.
Para investidores com capital em dólar, o momento pode ser estratégico. "Há imóveis com descontos reais em certas regiões, e o mercado de aluguel segue com demanda forte", explica o CEO da Waltz. "Nem todos os mercados nos Estados Unidos oferecem os mesmos preços ou retornos potenciais, por isso é fundamental escolher a localização e o tipo de imóvel mais adequados aos seus objetivos de investimento."
A recomendação para quem pensa em investir nos EUA é que tenha um olhar estratégico. "Sem renda em dólar ou reservas internacionais, o risco cambial pode ser proibitivo. Mas, para quem tem capital disponível e visão estratégica, o cenário atual também pode representar uma rara combinação de fatores que favorece bons negócios — especialmente em mercados com preços ajustados e alta demanda por aluguel", completa Golan.
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