A forma como as cidades são planejadas pode contribuir diretamente para reduzir a violência contra a mulher. A avaliação é da advogada Lívia Santos, especialista em direito imobiliário e vice-presidente da comissão de direito imobiliário da OAB-PE.
“Bairros antigos cresceram sem respeitar normas urbanísticas, com ruas estreitas e calçadas mínimas, o que aumenta a vulnerabilidade. É justamente nesses espaços que a violência acontece”, afirma. Ela reforça a importância da iluminação pública: “Pesquisas comprovam que ruas bem iluminadas reduzem índices de criminalidade e fortalecem o senso de vigilância.”
Para a especialista, iniciativas como as paradas de ônibus interativas, já em funcionamento em Caruaru, representam avanços. “Elas oferecem um canal direto de comunicação e segurança para mulheres à noite. Mas ainda faltam estruturas adequadas em locais como rodoviárias, onde muitas viajam expostas ao assédio e constrangimentos”, alerta.
Outros elementos urbanos também influenciam a proteção feminina como calçadas largas, arborização, fachadas ativas em condomínios e incentivo a espaços coletivos que mantêm a cidade viva mesmo à noite. “Quanto mais pessoas circulando, maior a sensação de segurança”, pontua.
Lívia ressalta ainda a importância de equipamentos públicos próximos, como a Delegacia da Mulher e a Secretaria da Mulher, instalados em áreas estratégicas de Caruaru. “Isso reduz a peregrinação das mulheres em busca de proteção e mostra compromisso público em garantir direitos.”
Para ela, o Agosto Lilás é uma oportunidade de refletir sobre o papel do urbanismo no combate à violência. “Não é apenas uma questão de lei ou segurança pública. O planejamento urbano também é uma ferramenta de proteção às mulheres”, conclui.
Foto: Jorge Farias/Divulgação
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